sábado, 7 de fevereiro de 2009

EU NÃO SOU O MESSIAS!

EU NÃO SOU O MESSIAS!
Um comentário de Jo 3, 22-30.



“Eu não sou o messias, mas sou enviado diante dele” (Jo 3, 28). Ver, assimilar a verdade, deixar-se por ela libertar e plasmar para alcançar a liberdade, eis a marca registrada de São João Batista, o precursor de Nosso Senhor. Sendo enviado diante do Messias, em nenhuma hipótese arvorou-se assumir a identidade ou o papel do Cristo de Deus.
Por mais que pareça óbvio e ululante, é de suma importância cada qual permanecer no seu lugar e lá permanecer, na convicção profunda, deste ser o caminho a ser tomado. As tentações de querer ser o messias na vida das pessoas, das comunidades, instituições e, por conseguinte, da Igreja ou mesmo do mundo, sempre perpassou os corações em sua humana fraqueza. A humildade, que é a verdade, quando é sólida, não dá espaço para ilusões. O humilde não se engana, nem engana. Sabe muito bem que por meio de uma evangelização ousada e de uma fé que opera na caridade, não deve se permitir omitir em fazer das pessoas seguidoras do único Cristo Messias. Sem buscar atrair ou formar discípulos para si, ao máximo será, na vida das pessoas, um ponto de passagem e nunca um ponto de chegada. A desobediência, a presunção, o orgulho, a vaidade, a soberba e todo o triste cortejo de conseqüências nefastas das corrosivas ações na vida das pessoas, fatalmente leva-las-á ao engano profundo.
Cada qual procure conhecer e viver no melhor dos modos e na mais vívida verdade, a missão confiada a si por Deus. Ele nos dará tudo quanto precisamos para o exercício deste ministério-serviço. Efetivamente, lembra-nos São João: “Um homem nada pode receber a não ser que lhe tenha sido dado do céu” (Jo 3, 27). Noutras palavras, tudo recebemos do Senhor, nosso único benfeitor e supremo provedor. Esta visão de fé inspirou Santo Agostinho a dizer em suas “Confissões”: “Dá-me aquilo que pedes e pede-me aquilo que quiseres” (Livro X, n. 10). As criaturas, as instituições, os acontecimentos acabam, de um jeito ou de outro, assumindo um papel de seus ministros, seus canais e seus instrumentos a fim de que os divinos favores ou a divina correção cheguem a nós. O zelo grande deve ser o de amar a Deus. Quem ama a Deus está sempre em vantagem, no lucro certo, na felicidade garantida. Quem no-lo assegura é Paulo quando afirma: “Tudo contribui para o bem daquele que ama a Deus” (Rm 8, 28). Ninguém com isso, deve se sentir autorizado, em nenhuma hipótese, a fazer o mal, nem a se acomodar em não fazer o bem, podendo e devendo fazê-lo.
Não somos marionetes nas mãos de Deus! Ele, em sua sabedoria e providência, sabe dispor de tudo e de tudo tira um bem Mario. Permanece a missão de construirmos com diligência e reta intenção, o Reino de Deus.
Sim, é preciso querer, mas o querer deve ser amor e nada mais é amor senão viver a caridade da Trindade que ao revelar sua vontade, exalta ao máximo nossa liberdade e nos plenifica com sua eternidade!
Certamente, alegrar-se-á o amigo do esposo, ao ouvir deste esposo a voz. Nesta voz, está a Palavra. A alegria de contemplar este Cristo que desposa a Igreja é prenúncio das núpcias eternas da feliz eternidade.
No rastro desta alegria “é necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3, 30). Desafio grande para o orgulho humano é diminuir, apequenar-se. Sem esta humilde disposição, a evangelização está fadada a reduzir-se a uma triste orquestração de vanglória do evangelizador. Pode até existir eficiência e exuberância nos meios, mas a fecundidade está comprometida. Ele dará a si mesmo, ao invés de dar Cristo. Esta liberdade de saber aparecer e desaparecer, de estar aqui ou ali, de fazer esta ou aquela tarefa, não sentir-se necessário, mas ser disponível, tudo isso é saber diminuir. Assim, Cristo crescerá!
Sem confundir-se com o complexo de inferioridade, a humildade é uma virtude de maturidade humana e espiritual que leva à ousadia apostólica por crer na sublimidade da causa e sobrenaturalidade dos meios. O humilde ao invés de olhar para si, contempla quem o chamou, ungiu e enviou. Conhecerá, valorizará e utilizará no melhor dos modos as ferramentas que Deus a ele disponibilizou. O que foi dado aos outros, bem, isso não é da sua conta. Naquilo que Deus doa e não doa, concede ou nega a cada um de nós, uma visão de fé é sempre uma inesgotável fonte de paz. Mantendo fixo o seu olhar em Deus, ele segue rumo à meta! Seguindo os passos do apóstolo Paulo, o evangelizador, vocacionado a ser também o precursor, prosseguirá para ver se alcança Cristo, pois que foi conquistado por Ele. Deste modo, esquecendo-se o que fica para trás, avançando para o que está adiante, prosseguirá para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus (cf. Flp 3, 12-14).

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Este ditador chamado relativismo!

Ante o grande pensamento de Deus, um pequeno e tão limitado modo de ver o mundo! Uma tentativa de relativização esvaziante de verdades eternas e princípios sólidos sobre quem é o homem. Um desafio para a evangelização e formação dos filhos de Deus.




Para refletir sobre o relativismo ético....




"verifica-se que, por um lado, os cidadãos reivindicam para as próprias escolhas morais a mais completa autonomia e, por outro, os legisladores julgam respeitar essa liberdade de escolha, quando formulam leis que prescindem dos princípios da ética natural, deixando-se levar exclusivamente pela condescendência com certas orientações culturais ou morais transitórias como se todas as concepções possíveis da vida tivessem o mesmo valor. Ao mesmo tempo, invocando erroneamente o valor da tolerância, pede-se a uma boa parte dos cidadãos – entre eles, aos católicos – que renunciem a contribuir para a vida social e política dos próprios Países segundo o conceito da pessoa e do bem comum que consideram humanamente verdadeiro e justo, a realizar através dos meios lícitos que o ordenamento jurídico democrático põe, de forma igual, à disposição de todos os membros da comunidade política. Basta a história do século XX para demonstrar que a razão está do lado daqueles cidadãos que consideram totalmente falsa a tese relativista, segundo a qual, não existiria uma norma moral, radicada na própria natureza do ser humano e a cujo ditame deva submeter-se toda a concepção do homem, do bem comum e do Estado.
(CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, NOTA DOUTRINAL sobre algumas questões relativasà participação e comportamento dos católicos na vida política)


Num livro publicado antes de sua eleição como Romano Pontífice, Bento XVI se referia a uma parábola budista. Um rei do norte da Índia reuniu um dia um bom número de cegos que não sabiam o que é um elefante. Fizeram com que alguns dos cegos tocassem a cabeça e lhes disseram: “isto é um elefante”. Disseram o mesmo aos outros, enquanto faziam com que tocassem a tromba, ou as orelhas, ou as patas, ou os pelos da extremidade do rabo do elefante. Depois, o rei perguntou aos cegos o que é um elefante e cada um deu explicações diversas, conforme a parte do elefante que lhe haviam permitido tocar. Os cegos começaram a discutir, e a discussão foi se tornando violenta, até terminar numa briga de socos entre os cegos, que constitui o entretenimento que o rei desejava.Este conto é particularmente útil para ilustrar a idéia relativista da condição humana. Nós, os homens, seríamos cegos que corremos o perigo de absolutizar um conhecimento parcial e inadequado, inconscientes da nossa intrínseca limitação (motivação teórica do relativismo). A filosofia relativista se apresenta a si mesma como o pressuposto necessário da democracia, do respeito e da convivência. Mas essa filosofia não parece dar-se conta de que o relativismo torna possível a burla e o abuso por parte de quem tem o poder em suas mãos: no conto, o rei que quer se divertir a custa dos pobres cegos; na sociedade atual, aqueles que promovem os seus próprios interesses econômicos, ideológicos, de poder político etc. à custa dos demais, mediante o manejo hábil e sem escrúpulos da opinião pública e dos demais recursos do poder. A "ditadura do relativismo" a que se referiu o sumo pontífice pouco antes de sua eleição ao sumo pontificado, nega coisas definitivas, estáveis e coerentes defendidas pelo cristianismo. A democracia, então, parece que só funciona quando as pessoas tudo relativizam e tudo aceitam, negam elementos e pressupostos essenciais da dignidade e identidade humana marcados pela verdade da revelação divina sobre a pessoa humana.
Eis um desafio!