quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Deus contruirá uma casa para ti!




2Sm 7, 4-17;
Uma promessa a Davi: “Iahweh te diz que ele te fará uma casa” (v. 11). Aqui está o centro deste texto. Com efeito, Deus tomar a iniciativa de construir uma casa para seu eleito, está dando a entender, ou melhor, revelando que a sua graça viabilizará uma morada. Habitação, lugar de moradia está a indicar uma vivência, uma existência, um projeto existencial, um construir-se feito de capacidade de pensar, decidir e fazer opções, sentimentos, sofrimentos e alegrias. Não é algo distante de nós.


Deus quer construir uma casa, a casa da nossa vida e ser ele o engenheiro e mestre de obras. Nosso papel? O servente de pedreiro. Certamente atuaremos, teremos participação ativa, mas enquanto atores coadjuvantes, sendo Ele o ator principal. “Se o Senhor não constrói a casa, em vão trabalharão seus construtores. Se o Senhor não vigiar nossa cidade, em vão vigiarão as sentinelas” (Sl 126[127], 1). O senhorio de Jesus não pode acontecer sem esta disposição interior, esta decisão firme e estável em disponibilizar as rédeas da vida, da construção da história. “A Sabedoria edifica sua casa, a Estultícia a derruba com as mãos”. (Pr 14, 1). Por isso, será Cristo Senhor quem construirá uma casa para o nome de Seu Pai e nosso Deus (cf. v. 13). Claro, o texto refere-se a Salomão, imediatamente, mas em uma amplidão maior de compreensão, diz respeito ao Messias de Iahweh, Filho seu muito amado em quem pôs suas complacências. Este Cristo, como nos diz o texto terá uma realeza estável, firme. Certamente não uma soberania e realeza firmada sobre uma autoridade política ou um domínio de territórios, algo institucionalizado no sentido de um executivo com poder jurisdicional como acontece com os governos da terra. Será uma autoridade, um senhorio interior, feito sob ação da graça, no poder da palavra revelada e acolhida por meio de fé, da sobrenaturalidade da obediência, que porta consigo seus desdobramentos de adesão livre ao querer de Deus. Uma interioridade que certamente se exterioriza em opções, iniciativas, princípios e valores. Eis o Reino de Deus!
“Se ele fizer o mal, castiga-lo-ei com vara de homem e com açoites de homens. Mas minha proteção não se afastará dele, (...)”. Certamente Salomão pecou, em função das más influências das mulheres estrangeiras que tomou como esposas, as quais o induziram à idolatria (cf. 1Rs 11, 1-13). Ora, Cristo não pecou, não fez o mal. Isso é incontestável! Mas Ele assumiu o mal que a humanidade cometeu. Ele carregou as faltas dos pecadores. “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). Ou como diz o profeta: “Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniqüidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas faltas fomos curados” (Is 53, 5). Assim, o sábio edificador da casa de Deus, revelou seu poder magnífico, feito de amor misericordioso, gratuito, puro, santo e santificador. Ele é o servo, o servidor, o pobre, o humilde: Eis as insígnias reais do divino soberano. Somos nós suas casas, sua moradia santa. “Não sabeis que vossos corpos são membros de Cristo? (...). Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus?... e que, não pertenceis a vós mesmos?” (1Cor 6, 15a.19).


Ensinar-nos-á São João da Cruz: “Está Deus, pois, escondido na alma, e aí o há de buscar com amor o bom contemplativo dizendo: onde é que te escondeste? Eia pois, ó alma formosíssima entre todas as criaturas, que tanto desejas saber o lugar onde está teu Amado, a fim de o buscares e a ele unires! (...). Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti, se tens dentre de ti tuas riquezas, teus deleites, tua satisfação, tua fartura e teu reino, que é teu Amado a quem procuras e desejas? Goza-te e alegra-te em teu interior recolhimento com ele, pois o tens tão próximo. Aí o deseja, aí o adora, e não vás buscá-lo fora de ti, porque te distrairás e cansarás; não o acharás nem gozarás com maior segurança, nem mais depressa, nem mais de perto, do que dentro de ti. Há somente uma coisa: embora esteja dentro de ti, está escondido. Mas, já é grande coisa saber o lugar onde ele se esconde, para o buscar ali com certeza. É isto o que pedes também aqui, ó alma, quando com afeto de amor, exclamas: Onde é que te escondeste? No entanto – prossegue o doutor místico – dizes: Se está em minha alma, como não o acho nem o sinto? A causa é estar ele escondido, e não te esconderes também para achá-lo e senti-lo. Quando alguém quer achar um objeto escondido, há de penetrar ocultamente até o fundo do esconderijo onde ele está; e quando o encontra, fica também escondido com o objeto oculto. Teu amado Esposo é este tesouro escondido no campo de tua alma, pelo qual o sábio comerciante deu todas as suas riquezas (Mt 13, 44)” (Cântico Espiritual, Canção I, n.6-8). Paulo, o apóstolo, nos brinda com sua autoridade, dizendo o mesmo que o São João da Cruz: “pois morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3).


ORAÇÃO: Rogamos, ó divino engenheiro, Tu que és eterno mestre de obras, vem e constrói esta casa de nossas vidas. Não permitas, ó Senhor, que por nossa negligência e por nossa irresponsabilidade a tua casa fique sem reboco ou acabamento, sem as instalações elétricas ou hidráulicas. Tu que assumiste as nossas dores e culpas, Tu que recebes do Pai o Reino eterno, vem em socorro de nossa pobreza e indigência com tua graça. Que ela não nos falte, pois sem ela nada somos e nada fazemos. Nós te suplicamos por ti mesmo, Tu que és Deus com o Pai e o Espírito Santo. Amém.

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