domingo, 18 de outubro de 2009

servos por amor gratuito!


LECTIO DE 18/out/2009
Mc 20, 35-45

UM PAPO SERÍSSIMO! Segura aí! Não seja covarde, nem medroso e não invente de se esconder. NÃO FUJA! LEIA, REZE, PENSE, DECIDA!
A palavra de hoje nos insere no vértice da vocação cristã. A ambição dos discípulos, direcionada aos cargos ou lugar de honra, ou mesmo afirmando e buscando garantir o triunfo junto do Messias revelam o coração humano e suas megalomanias (as manias de ser grandão, o maioral, o rei da selva - tendências leoninas). Parece este leão que se julga do dono do pedaço, abafando e arrasando!
O que pedis? O que quereis que eu vos faça? Esta pergunta de Jesus é muito séria e muito importante. Ele quer fazer e quer nos atender. Mas, fica o questionamento: qual o conteúdo do nosso querer? Que desejamos? Onde se inclina a nossa vontade? Para onde nos leva o nosso coração? Que que você anda querendo. Palha, lodo, lama, ouro, prata? Sabe distinguir o ouro da prata? a prata do lodo? o lodo da palha? O que é importante? O que é que tem valor? Você sabe? Quais os critérios que você usa?
Ao ouvir a solicitação dos discípulos na linha da grandeza, dos cargos, das facilidades e do triunfalismo, a resposta do Mestre reconduz a compreensão da vitória e da primazia que cada discípulo do Reino deve almejar.
Ele não oferece cargos, nem prestígio, nem honras, nem mesmo o sucesso: ele oferece o cálice da ira o qual deve ser esgotado (cf. Jr 25, 15-29; Is 51, 17). Os dois discípulos entenderão isso: Tiago morrerá mártir de martírio vermelho (será morto por Jesus e pelo Evangelho derramando o próprio sangue cf. At 12, 1-12) e João terá que sofrer por Jesus e no seus escritos deixará um inenarrável testemunho da primazia do amor-caridade-serviço. Isso é algo de enaltético! Só o tchekslovekibite!

Na Bíblia o Peregrino há um comentário belíssimo e eu o transcrevo aqui:
“... a comunidade do Messias rege-se por princípios opostos aos do mundo. Nela, a ambição será substituída pelo espírito de serviço. Não é que o serviço seja meio para conseguir o primeiro lugar, mas que no serviço reside a dignidade. Não em virtude de um oráculo individual (como em Gn 25, 23), nem por uma desordem social (como diz Ecl 9, 6-7), mas por um preceito e pelo exemplo de Jesus (visto como servo de Is 53, 10).
Na menção do cálice e da imersão, o cristão pode ler nas entrelinhas uma alusão ao batismo e à eucaristia como participação na paixão de Cristo (Rm 6, 3-4; 1Cor 11, 26)”

(L. A. SCHöKEL, Bíblia do Peregrino, 2ª ed., S. Paulo, 2006, p. 2426).

Os primeiros lugares no Reino a quem caberá? Meu Deus! Livre-nos o Senhor desta pergunta: é para quem o Senhor quiser. Não nos cabe ambicioná-los. Quem os ambiciona, deles se exclui! Cabe-nos amar, servir, dar a vida. O que vem após isso, bem, não é da nossa conta. Basta que Deus saiba e na liberdade infinita que lhe caracteriza faço o que bem entender.
Alguém disse que o caminho da fidelidade a Deus por medo do inferno é o caminho dos escravos. A busca das recompensas é o caminho dos mercenários. A filiação amorosa e confiante, o serviço generoso e desinteressado é o caminho da união perfeita para com Deus aprofundarão o zelo e o desejo de dar-se servindo. A confiança cristã não se baseia só na cruz, senão a cruz se tornará uma ideologia, monstruosidade. Atrás da cruz está o amor do Pai. É este amor que nos escolheu em Cristo e para Cristo. Nós mesmos, somos, para o Cristo, o dom que o próprio Pai tem reservado ao seu querido Filho. Idéia fantástica e inusitada: Nós o presente do Pai para seu Filho!
Jesus toma a contramão. E tome barruada! Responde às perguntas dos discípulos oferecendo a proposta radical: dar a vida! Fazendo a proposta da pequenez: ser escravo dos irmãos! Fazendo a proposta do amor e da realeza divina: o serviço. Sem minoridade não existe fraternidade.
Nosso Senhor conhece o coração com sua mania de grandezas. O homem é feito para se levantar da sombra e andar erguido, dentro da luz. Mas o coração humano se perverte e usa a grandeza para diminuir o outro, servir-se do outro, explorar o outro. Parece que, somente amarrando o outro na sua insignificância, a pretensa grandeza parece grande. Terrível! Quem faz isso é, aos olhos de Deus, um jeguenow (burro).
Jesus segue na contramão: quem governa as nações as dominam, e os seus grandes as tiranizam. Como é triste ver que quem foi chamado e eleito ou de algum modo chegou ao poder, ao invés de servir o povo, serve-se do povo. Ao invés de buscar o verdadeiro bem das pessoas, pelo populismo ou pela opressão tirânica, alguns governantes vão ao encontro de interesses que deixam a vida mais cômoda, não buscam o melhor e o mais certo, mas o mais fácil e mais gratificante para o egoísmo humano. E, às vezes, buscam o que é cômodo para si, com a meta de unicamente manter-se no poder. Para manter-se no poder são capazes de tudo. Será que isso existe ainda hoje?
Nosso Mestre aponta o caminho certo para os seus discípulos: o serviço, assim como ser escravos dos irmãos e irmãs. Serviço da verdade, serviço da caridade. O cristão, ao ser comparado ao sal e à luz (cf. Mt 5, 13-16) recebeu de Jesus uma imensa responsabilidade. Agir e ser elemento de transformação. O discípulo de Cristo aceita a desafiante proposta de ser diferente e fazer a diferença. Iluminando e dando sabor, preservando da corrupção a vida cristã é marcada por um dinamismo enorme. Trata-se da dinâmica do compromisso, da força da responsabilidade. Pense num negócio chopanestérico e anaximândrico, panelático e extragótico! Algo supimpa e inoxidável!
A disponibilidade ao serviço do outro é a verdadeira medida da grandeza e precedência na comunidade. Toda função de governo deve estar, exclusivamente a serviço da comunidade. Como Cristo é fonte de Deus em nós, assim nós também, pelo serviço, queremos ser para os outros, fonte de felicidade e confiança. A gratuidade é a lei de Cristo! Quem mais serve os outros sem recompensa, tem semelhança com Cristo. Por isso, quem não vive para servir, não serve para viver. Quem topa qualquer parada, não para em qualquer topada.
Um abraço pra vc filoteu!

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